quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Os cachecóis de minha avó e a produtividade nos serviços de TI


Minha avó gostava muito de costurar longos cachecóis de tricô para presentear à mim e meus irmãos. Andava, sempre, com uma caixa de sapato no colo. Dela, saiam, pelos buracos, várias pontas de fios de lã, cada uma de uma cor diferente. Certa vez, eu tive a idéia de pegar um metro de fio preto para amarrar meus sapatos na canela, imitando os jogadores de futebol. Juntando a pouca prática e desconhecimento de como aquela caixa e seu emaranhado de fios funcionavam, minha curiosidade de ver o que estava lá dentro e um pequeno TOC pela organização, abri a caixa e comecei a tentar separar, sem sucesso, um novelo do outro.
Quando vi aquela caixa toda bagunçada desviei meus esforços para tentar organizar a bagunça que eu imaginava existir e me esqueci de meu objetivo inicial – pegar um metro de fio preto. Eu não sabia, mas eu estava recebendo a minha primeira lição (e esporro) de negócios: Não importa o que está dentro da caixa ou como está a sua organização, o que importa é que você tenha meios para obter algum resultado do que está lá.
Inteligente, minha avó sabia que era impossível e desnecessário deixar os fios organizados dentro da caixa (conforme nos avisa a lei de Murphy) e desenvolveu uma técnica para que pudesse pegar rapidamente a cor que precisava, sem perder tempo em tentar organizar toda a bagunça de fio que se formava dentro da caixa.
Alguém mais estudado na teoria de gerenciamento de serviços de TI irá me perguntar: 
"Como descobrir a capacidade de produção da caixa, sem ter visão clara do tamanho do novelo que continua lá dentro?"
A minha avó tinha uma resposta fácil. Outro dia, com acesso a sua agenda de anotações, notei que a cada semana ela anotava a quantidade de alguma coisa que ela tinha produzido com uma determinada cor. Não sei se eram pontos de tricô, centímetros, metros, etc… mas o que ela fazia neste caderno era controlar a produtividade daquela caixa cheia de novelos de lã. Ela sabia que o novelo mais utilizado precisaria ser reposto depois da métrica dela atingir um determinado número (ainda estou tentando descobrir que métrica é essa).
A sabedoria de minha avó pode ser utilizada pelos Gestores de TI para projetar a racionalização de seus datacenters. Enxergando o Datacenter como uma caixa fechada, o Gestor de TI pode começar identificando, para os negócios, (tenho certeza que para si e sua equipe ele já possui estas informações) quais os recursos tecnológicos existem lá dentro, que serviços e que resultado de negócio, eles são capazes de entregar com a estrutura que esta sendo utilizada. Se estiver fazendo mais cachecóis pretos e menos cachecóis vermelhos, será fácil perceber que a compra de fios vermelhos pode ser feita em menor quantidade e a reposição do seu estoque poderá ser feita em menor periodicidade.
Sendo mais claro: Em uma análise rápida no seu catálogo de serviços e em um CMDB (Banco de Dados de Configurações) desenvolvido sem a necessidade de informações muito detalhadas sobre os ativos de TI, o Gestor de Infraestrutura e Operações (ou similares) perceberá, com facilidade, que existem algumas máquinas com mais ociosidade de uso do que outras, outras que auxiliam mais na produtividade dos negócios do que umas, outras tantas que são verdadeiros gargalos e são oportunidades de redução de custos no próprio processo de negócio, etc… Assim, ele irá aproveitar melhor as oportunidades de racionalização de sua infraestrutura. O simples ato de desligar máquinas que não estão sendo utilizadas, abandonar determinados serviços, realocar recursos para serviços mais produtivos ou aproveitar recursos de outras máquinas que estejam sendo utilizadas pela metade, já reduz significativamente os custos de manutenção e suporte, de quebra, reduzindo custos com o consumo de energia elétrica.

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