quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Isso não existe - Como governança pode evitar ou reduzir os danos de desastres (Parte 1 de 2)


  • Você está lendo o primeiro artigo da série: Como governança pode evitar ou reduzir os danos de desastres - Isso não existe
  • Após ler este artigo, leia também o segundo, da série: Humanos são humanos

Isso não existe... ou...

Nunca vai acontecer.

É assim que desastres empresariais acontecem. Antes mesmo de acontecer.

Normalmente, relacionamos desastres empresariais apenas aos eventos “imprevisíveis”, incidentes e seus impactos.

Nos livros, aprendemos que:


Desastre: é o RESULTADO de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem, causando danos humanos, materiais, ambientais, tendo como consequência prejuízos econômicos e sociais. (Plano Nacional de Defesa Civil);

Evento (situação): é uma alteração de uma ou mais circunstâncias, podendo ter uma ou mais causas (ISO 22301); 

Incidente: Evento (situação) não desejada, que possa gerar impacto negativo aos negócios ou sociedade (minha definição simplificada);
Impacto: As sequelas (consequências negativas ou positivas) de um incidente (minha definição simplificada);

Já o nível de risco, no aspecto negativo, está relacionado à probabilidade de um incidente se concretizar e gerar impacto negativo aos negócios  Quando positivo, está relacionado às oportunidades que podem ser aproveitadas após a ocorrência de um evento. (minha definição simplificada);

Vulnerabilidade: ausência, inadequação ou ineficiência de controle sobre um risco (minha definição simplificada). Por exemplo: A inexistência de aprovação de entrada e saída de visitantes, pode ser uma vulnerabilidade onde você mora. Processos, ferramentas ou capacitação técnica ineficiente ou inadequados, podem ser uma vulnerabilidade na empresa onde você trabalha, etc...

Ameaça: Havendo uma vulnerabilidade, haverá uma ameaça (minha definição simplificada). Por exemplo: acesso de ladrões em um condomínio ou erro humano por falhas de capacitação, processos ou ferramentas na empresa.

Mas tem algo faltando...


Universidades e treinamentos específicos proliferaram, divulgando e treinando os alunos a compreender cada um dos conceitos acima. Sem contar a quantidade de consultores e auditores. Todos com papel muito importante no “plantio" de novas maneiras de trabalhar.

Mesmo assim, nos últimos anos temos acompanhado uma série de eventos "imprevisíveis":

  • Enchentes que atingem bairros ou cidades inteiras;
  • A seca que atinge o país, já há algum tempo;
  • Fraudes, que causam danos irrecuperáveis à empresas (públicas e privadas), dos mais diversos setores;
  • Produtos e serviços que prometem mas não cumprem o prometido.O pior... sem ninguém saber disso até que algo mais grave acontece que faz o "erro" aparecer;
  • Prédios caindo, destruindo vidas, empresas, e sonhos...
  • Aviões caindo...

Citando apenas os desastres mais vivos em nossas mentes, e infelizmente, parte recente do cotidiano.

E se restringimos nossa análise ao Brasil, isso não quer dizer que em outros países não ocorram:

  • Ameaças de terrorismo;
  • Aviões caindo;
  • Fraudes;
  • Terremotos;
  • Furacões;
  • Tsunamis...

Bom.... 

Sempre acreditamos que desastre só era 
coisa do primeiro mundo... mas não!

Com o desenvolvimento da nossa economia, nas últimas décadas, estamos vendo que heróis não existem e que acreditar que eles nos salvarão enquanto vivemos nossa vida, previsivel e planejada, é um indício do quanto ainda estamos longe de atingir maturidade: humana, de gestão e de governança.

Quanto mais se tem a perder, maior
o impacto de sermos tão imaturos!



Ameaças naturais, como enchentes, seca, etc… Sistêmicas, como fraudes, corrupção e erro humano, sempre existirão. Sendo realista, é impossível evita-las.


O máximo que se pode fazer é tentar controla-las, monitora-las ou se manter pronto para que, quando ocorram, os danos à sociedade sejam os menores possíveis.

Como empresas fazem parte da sociedade, estamos falando delas aqui também.

Ao reconhecer, humildemente, que somos impotentes, humanos, e não somos heróis, aí sim sairemos da adolescência. Assumiremos o controle sobre nossa existência e tomaremos medidas mais objetivas para um viver próspero e feliz. Satisfeitos, usufruindo dos nossos feitos.

Os acontecimentos recentes ilustram a necessidade urgente da sociedade abordar o assunto - Risco, desastres e crise - de forma mais real, ampla e estratégica. 

Existem oportunidades claras de investimentos que devem ser realizados de forma estruturada, tanto pelo setor público, como pelo setor privado. 

  • Aprimorar infraestrutura (empresarial e pública);
  • Desenvolver novas estruturas de serviços compartilhados e aprimorar as estruturas atuais para que se otimize o uso de recursos financeiros, naturais/energéticos;
  • Construir sistemas mais eficientes de segurança (física, da informação, financeira, energética, etc...);
  • Modernizar instalações;
  • Implementar fontes alternativas/limpas de energia.

Algumas ações possuem benefícios que são mais facilmente relacionados à vida de negócios e outras não. Mas isso não é justificativa,já que nem mesmo as mais fáceis estão recebendo a atenção devida.

Não é muito simples tomar decisões. Acreditar que é possível tomá-las usando unicamente modelos matemáticos, raciocínio, processos sistêmicos, ou indicadores, é utópico. 

A complexidade aumenta, por exemplo, quando a construção de uma estrada, ampliação de um canal de navegação, implantação de um porto ou fontes alternativas de energia, aumento na produção, ocasionam impactos "aceitáveis no conjunto da obra", mas inaceitáveis de pontos de vista isolados, e nem por isso, pouco importantes. 

O todo depende das partes e pode-se filosofar muito sobre isso... mas... fato é que...

Humanos são humanos... e é sobre isso que quero escrever para você na segunda parte deste artigo. Ela será publicada na próxima quarta-feira.

Até lá, me chame para um café! Vamos conversar mais!
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